A ideia de resiliência foi inicialmente aplicada ao campo da psicologia, ao se estudar o indivíduo como danificado pela família tida como disfuncional. Posteriormente descreveu-se a resiliência familiar de um modo que a família estressada não mais era considerada disfuncional, mas como desafiada por determinados obstáculos. Na Física, a resiliência de um material corresponde à energia de deformação máxima que esse é capaz de armazenar sem sofrer danos permanentes. Nas ciências sociais é tido como a capacidade que as pessoas e os grupos têm de passar por diversas circunstâncias negativas ou obstáculos, tentando minimizar ou superá-los ao máximo.
O progresso das pesquisas sociais, em especial as da década de oitenta revelaram que a capacidade de resiliência é diversa entre as pessoas e grupos. Grupos homogêneos casualizados em mesma situação de estresse ou dificuldade reagem de maneira diversa, como o caso das crianças pesquisadas. Assim e ao longo de mais estudos foi possível perceber os vários mecanismos socialmente aceitáveis que indivíduos e comunidades utilizam na lida dos problemas e tensões cotidianos.
Resiliência no contexto social não é mera sobrevivência e também não pode ser considerada como invulnerabilidade. A resiliência é a capacidade, onde se soma vários fatores, que possibilitam o melhor enfretamento dos problemas, o que não significa sair deles sem nenhuma sequela. Essas variáveis ainda mostram que a resiliência é relativa e depende tanto das bases constitucionais do indivíduo quanto ambientais que o cercam.
São vários os conceitos e temas relacionados a resiliência. O primeiro a ser destacado e ó conceito de Risco, que são toda a sorte de eventos negativos da vida, e que aumentam a possibilidades de problemas de inúmeras ordens. O conceito de Vulnerabilidade se opera quando o risco está presente. São as complexas interações entre as forças individuais e fatores ambientais, como por exemplo, a existência ou não de suporte social relacionados a outros fatores e que são uma das causas da diversidade de respostas dadas pelas pessoas. Stress pode ser entendido como a percepção que a pessoa e o seu corpo tenham de determinada situação, interpretação do evento estressor. Coping pode ser considerado o oposto do stress é a capacidade que permite ao ser humano de lidar positivamente com a adversidade. Finalmente tem-se os Fatores de proteção que são as qualidades do indivíduo (constitucionais ou sociais) como pessoa, esse fatores podem ser internos ou externos e que reduzem o efeito do risco.
As formas de estimular a resiliência são sistematizadas em cinco áreas: a. redes informais de apoio e uma relação de aceitação incondicional da […] pessoa; b. capacidade para descobrir significado, sentido e coerência da vida, em estreita relação com uma fé religiosa; c. aptidões sociais e capacidade para resolver problemas, bem como controle sobre a própria vida; d. auto-estima e concepção positiva de si mesmo; e. senso de humor.
Segundo o texto há dois mitos concernentes a família que perpetuam uma visão inflexível. O primeiro é a crença de que existem “famílias normais” sem nenhum problema ou conflito, visão essa que acaba “patologizando” as dificuldades naturais que tais grupos possuem. O outro mito é definir a “família normal” como a familiar nuclear de pai, mãe e filhos, desconsiderando todas as outras formas legítimas de famílias, que fogem aos papéis tradicionais de gênero e modelos idealizadores.
Alguns processos são reconhecidos como meios de estímulo a um bom desempenho familiar e ao bem-estar dos seus integrantes, esses são: coesão, flexibilidade, comunicação franca e verdadeira, capacidade para resolver problemas, disponibilidade de recursos comunitários e sistemas de crenças compartilhados.
Referências
SILVA, Célia Nunes. Resiliência no indivíduo e na família. In: JACQUET; COSTA (Ed.). Família em mudança. São Paulo: Companhia Ilimitada, 2004, p. 177-192.
Como citar este texto:
SANTOS, Harlon Romariz. Resiliência no indivíduo e na família. [s.l.]: 2020. Blog Observare. Disponível em: https://observare.slg.br/2010/04/15/resiliencia-no-individuo-e-na-familia/. Acesso em: dia. mês abreviado. ano.
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