Os Invisíveis – III

por Edmilson Rodrigues

harlonAo  fundo,  o  Teatro  da  Paz.  A criança descalça adquire contexto, compondo  o  cenário  da  opulência de  uma  cidade  que  era  tida  como uma espécie de Paris dos trópicos. Naqueles  anos,  como  registra  a historiografia  oficial,  vivíamos  a euforia  de  um  poderoso  ciclo  de crescimento  econômico,  baseado na exploração da borracha, que foi capaz  de  enriquecer  uma  elite nativa, sem, entretanto, representar qualquer  vantagem  para  os  que viviam de seu próprio  trabalho.
Belém,  enfim,  se modernizava, mas  seu  povo,  herdeiro  das sangrentas lutas sociais da primeira metade  do  século  anterior,  continuava submetido a mais atroz miséria.

HarlonApesar do peso de tantos anos de esquecimento, cabe perguntar sobre se seria possível existir a Belém de 1906, data provável dessa  fotografia, sem que o  trabalho dos de baixo  fosse responsável pela criação de toda a riqueza, que ontem como hoje, permanece concentrada nas mãos de poucos.

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