por Edmilson Rodrigues
harlonAo fundo, o Teatro da Paz. A criança descalça adquire contexto, compondo o cenário da opulência de uma cidade que era tida como uma espécie de Paris dos trópicos. Naqueles anos, como registra a historiografia oficial, vivíamos a euforia de um poderoso ciclo de crescimento econômico, baseado na exploração da borracha, que foi capaz de enriquecer uma elite nativa, sem, entretanto, representar qualquer vantagem para os que viviam de seu próprio trabalho.
Belém, enfim, se modernizava, mas seu povo, herdeiro das sangrentas lutas sociais da primeira metade do século anterior, continuava submetido a mais atroz miséria.
HarlonApesar do peso de tantos anos de esquecimento, cabe perguntar sobre se seria possível existir a Belém de 1906, data provável dessa fotografia, sem que o trabalho dos de baixo fosse responsável pela criação de toda a riqueza, que ontem como hoje, permanece concentrada nas mãos de poucos.