O texto apresentado por César Coll (1996) traz uma abordagem introdutória e pontual sobre a disciplina da psicologia da educação. O autor tenta demonstrar neste texto o caráter intermediário da disciplina da Psicologia da Educação, como uma área de estudo ponte entre a psicologia (na forma de sua conceituação básica) e a educação ou, a prática educativa. Concebendo esse estudo a partir de uma abordagem psicológica e educativa, e de natureza tanto teórica como prática.
Com um início expositivo, o texto procura apresentar algumas formas de conceber a psicologia da educação e sua atuação, e estabelece argumentos para a constituição de uma relação Psicologia e Educação que não seja meramente formal ou instrumental. Entre essas várias visões acerca da psicologia da educação existem aquelas que (I) vem a psicologia da educação como uma “etiqueta que serve para designar o amálgama de explicações e princípios que são pertinentes e relevantes à educação”, ou aquela que (II) percebe a disciplina da Psicologia da Educação como um campo de estudo mais autônomo, original e que pode contribuir para a construção de um conhecimento útil tanto para a psicologia como um todo como para a educação.
Após apresentar um panorama histórico sobre a psicologia da educação, de forma rápida e pontual, o texto vai apresentar algumas das concepções mais importantes e atuais sobre a psicologia da educação e vai enfim se posicionar e argumentar a partir de uma concepção específica, a da ideia de disciplina-ponte. (I) Para alguns a Psicologia da Educação não é nada mais do que um ramo da psicologia científica que se especializou tendo em vista as necessidades específicas desse campo de estudo; (II) para outros, em especial Biggs, há a necessidade de se criar uma disciplina nova chamada “educologia” que agregaria conhecimentos psicológicos, históricos, sociológicos, pedagógicos, filosóficos dentre outros para se constituir; há (III) também a percepção de uma Psicologia da Instrução, que agregaria além da dimensão escolar, outros corpus de estudo que dessem conta dos vários momentos instrutivos pela qual passa um indivíduo, como na família por exemplo; e por fim há (IV) a perspectiva de uma psicologia da educação como disciplina-ponte, que seria limiar tanto à psicologia quanto à educação, como defende Robert Glasser e de alguma forma David Ausubel.
Coll vai argumentar do meio para o final deste capítulo que a Psicologia da Educação pode ser melhor compreendida quando vista como uma disciplina-ponte, porém não apenas, mas também quando compreendida como um campo de estudo que surge a partir de compreensões psicológicas e educativas e de uma natureza teórica e aplicada. Para Coll a Psicologia da Educação surge como uma disciplina, que junta com muitas outras, formam um conjunto de ciências específicas sobre os processos educativos. Esse conjunto de conhecimentos tanto tem a sua originalidade e primazia, quanto possuem um componente pragmático e aplicável muito forte, uma vez que os processos educativos são tão importantes e até constitutivos da vida social e são alvos de inúmeros interesses pessoais e sociais.
Ao final do texto o autor tenta sistematizar esta rápida proposição a respeito da Psicologia da Educação e procura descrever quais os objetos de estudos desta disciplina bem como seus conteúdos e aplicações práticas.
Referência
COLL, César; PALACIOS, Jesus; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Porto Alegre: Artmed, 1996. Capítulo 1.
Como citar este texto:
SANTOS, Harlon Romariz Rabelo. Psicologia e Educação: aproximação aos objetivos e conteúdos da psicologia da educação”. 2014. Blog Observare. Disponível em: https://observare.slg.br/2014/03/11/psicologia-e-educacao/. Acesso em: dia mês abreviado. ano.