por Harlon Romariz
BOURNE, Joel K. Acabou a fartura: A Crise Global dos Alimentos. National Geographic Brasil. São Paulo, n◦ 111, p. 46-79, jun. 2009.
Nos últimos anos tem se observado um aumento no custo dos gêneros alimentícios provocando uma série de contratempos. Somente entre 2005 e os meados de 2008 se registrou vários alimentos básicos que aumentaram abruptamente de preço, lançando mais de 75 milhões de pessoas na pobreza. Especificamente no ano de 2007 foi registrado o nível mais baixo de reservas alimentares, 61 dias de consumo mundial sinalizando assim uma possível crise global dos alimentos. Essa situação vem afetar com mais intensidade um grupo vulnerável de 1 bilhão de pessoas que geralmente gastam entre 50% a 70% da sua renda na alimentação. Outros fatores como a implosão da economia global, as mudanças climáticas, o aumento demográfico, os baixos estoques alimentares e redução da taxa de crescimento na produção agrícola tornam o quadro ainda mais preocupante.
“Então qual é a solução para um mundo cada vez mais quente, populoso e faminto?” essa é a questão que começa a fazer parte dos círculos acadêmicos e governamentais. A probabilidade populacional, ainda para este século, é de 9 bilhões de pessoas e precisaríamos duplicar a produção alimentar até 2030 segundo o Grupo Consultivo sobre Pesquisa Agrícola. Assim como no passado, se faz necessário uma nova “revolução verde”, mas agora diante de alguns imperativos ambientais, sociais e com a metade do tempo.
Desde os períodos mais remotos da civilização humana sempre se equacionou a necessidade alimentar com a produção agrícola, contudo, essa estabilidade foi questionada ainda no século 18. Thomas Robert Malthus, matemático britânico, chamou atenção para um possível colapso demográfico. Segundo suas pessimistas previsões, a população por seu aumento geométrico, chegaria a um total nível de desequilíbrio e as ofertas de alimentos não seriam mais suficientes. Para ele algumas medidas poderiam ser tomadas, como o controle da natalidade, adiamento do casamento e abstinência sexual, caso contrário, restrições involuntárias poderiam incorrer como as guerras e as enfermidades. Contudo, para frustração imediata de Malthus, nada ocorreu mesmo diante dos dois séculos de crescimento populacional. A revolução industrial desencadeou técnicas e métodos que maximizaram a produção agrícola e uma chamada “revolução verde” conseguiu garantir alimento suficiente para todos.
As melhorias agrícolas ocorreram nos cinco continentes, vários países passaram pela “revolução verde”, com resultados imediatos bastante positivos, mas com certas conseqüências e dificuldades que precisariam ser seriamente avaliadas. Dentre esses locais observa-se a China que passou inclusive por alguns conflitos políticos; a África com bons resultados econômicos mais com sequelas à saúde do povo; o Brasil na sua considerável tecnologia agrícola e alta produção de grãos, sacrificando, contudo alguns ecossistemas como o amazônico; ou até mesmo na região da Índia e Bangladesh com o prejuízo dos inseticidas e diminuição da variedade das espécies. A “revolução verde” que vivenciamos a partir de 1960 é “um sistema que mescla irrigação, sementes de alta rentabilidade, pesticidas e fertilizantes” e naturalmente diante de tais fatos começamos a refletir se haveria possibilidade de “Uma nova revolução verde?”.
Uma solução diversificada, responsável e compartilhada talvez pudesse aplacar a eminente crise. Nem as autoridades, a massa intelectual e mesmo a população seriam convenientes com uma nova “revolução verde” que viesse acarretar pelo menos parte dos problemas já provocados pela primeira. Qualquer medida deve caminhar pelo crivo da experiência passada e pelos novos horizontes e imperativos que se fazem presentes na sociedade contemporânea.
Ver também
http://taniamltorres.wordpress.com/2008/11/24/resumo-do-artigo-comida-e-antropologia/
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/10/091012_fome2_rc.shtml
Comer menos carne ajuda o planeta e o coração, afirma estudo
http://www.folha.com.br/ci657365 #folhaonline
Há trinta anos a mudança climática freia a produção mundial de grãos
http://bit.ly/k8S0Jh (para quem tem acesso exclusivo da UOL)
http://bit.ly/juxbko (Público pelo “Salvar link como”)
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black hattitude.